Viver com simplicidade e leveza


Não há caminho mais complexo do que aquele que escolhemos viver com simplicidade e leveza. É tão difícil, às vezes, aceitarmos o que estamos a viver, o que estamos a sentir e o que vemos viver à nossa volta. É tão doloroso, às vezes, o desafio de gerarmos energia quando não nos apetece fazer absolutamente nada, quando nos sentimos angustiados e queremos logo transformar essa angústia em aprendizagem para não estarmos mais tempo a sofrer, é tão desafiante acordar todos os dias, ou daqueles dias de insónia, com a intenção de vivermos o dia com amor, alegria e liberdade. É um desafio tremendo aprender a aceitar cada emoção tal como é, tal como se nos apresenta, com a compaixão suficiente para a permissão de a sentir, para depois a perceber (se assim fizer sentido) e transformar em algo que nos dê essa tal leveza desejada, diluída em simplicidade e saúde. Mas nem sempre conseguimos, porque não era presumível que assim fosse também.

Ter a intenção de viver uma vida simples e leve também tem na sua génese a necessidade de aceitar que, às vezes, vamos estar meio complicados, a meio do caminho, a caminhar para trás e outras tantas a sentir que nem sabemos como ultrapassar o momento.

Querer viver com simplicidade e leveza não é esperar que essa leveza venha só de emoções mais leves e fluidas, mas da catarse de transformar qualquer uma em crescimento e amor. Sem a permissão para o amor não conseguimos sentir qualquer tipo de leveza. E neste caminho tão desafiante, com uma intenção tão nobre para nós e para os outros, também é importante assumir todos aqueles momentos em que sentimos o peso do mundo e o nosso próprio peso. Sim, às vezes o mundo, o que nele acontece, as nossas circunstâncias, as perdas e dificuldades são tão grandes, que nos sentimos esmagados por elas. E também nessas circunstâncias precisamos de aceitar que a leveza não vem com o que vem, não nasce quando tudo está bem e tudo conseguimos, mas no caminho e nas ferramentas que podemos escolher para transformar e resolver tudo o que estamos a viver. Estamos programados para resolver problemas, desafios, para sobreviver e crescer, e assim sendo, este caminho de simplicidade e leveza, só consegue nascer quando aceitamos tudo o que estamos a viver tal como se apresenta, com tudo o que sentimos e com a intenção tremenda de transformação com tempo e espaço para deixar vir tudo o que há, para deixar ir tudo o que nos pesa e resigna. Ter a capacidade de olhar para tudo o que sentimos, pensamos, queremos e ambicionamos é um ato de coragem quando sabemos que vamos encontrar muitas fragilidades, dimensões menos bonitas e momentos difíceis. É igual para todos e todos temos dimensões que nos fazem distorcer a realidade. Será sempre mais fácil a queixa, o estado constante de resignação ou a crença que não temos sorte nenhuma, mas será também muito mais leve, bonito e prazeroso um caminho traçado com a intenção de transformar tudo o que nos atormenta e aprisiona em amor e liberdade. Não há leveza e simplicidade sem doses extra de amor, e sem a coragem de transformar aquela voz que às vezes nos diminui, angustia e nos mente.

Diana

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