A importância dos limites num relacionamento de amor


Quando as pessoas com quem nos relacionamos são importantes para nós, precisamos de garantir que contribuímos para que esse relacionamento cresça com estruturas sólidas e saudáveis, para que possa viver por muitos e longos anos. Afinal, quando alguém nos faz bem e queremos garantir que estamos a dar o nosso melhor, é fundamental estarmos atentos aos limites, às palavras e ao que escolhemos fazer nele diariamente. Todas as relações e todos os contextos têm limites, sejam eles mais claros ou menos, sejam alguns relacionamentos mais exigentes que outros. 

Dizer - Não - e dizermos aquilo que realmente pensamos e precisamos, é dos maiores, se não o maior, desafio que enfrentamos diariamente nos vários relacionamentos que temos. Por medo, vergonha, pela necessidade de aceitação e de sermos vistos como boas pessoas, ignoramos tantas vezes as nossas verdadeiras necessidades, ultrapassamos limites pessoais e deixamos que os outros o façam também. E, às vezes, fazem-no porque não esclarecemos como nos vamos sentindo, do que precisamos, e do que não gostamos. Deixar que alguns limites sejam ultrapassados, dizer SIM quando queríamos dizer NÃO, não partilharmos algo que aconteceu que não gostámos, fingir que nos sentimos bem quando não nos sentimos, e tolerar alguns comportamentos que nos fazem sentir mal, no curto prazo, podem trazer um impacto pouco significativo na forma como nos sentimos e na construção diária desse relacionamento, o que não se verifica no longo prazo, onde o impacto pode ser devastador e destrutivo.

Isto significa que, se há comportamentos que podem passar despercebidos na construção de uma relação afetiva importante, há outros que podem ser devastadores quando os limites não são esclarecidos, partilhados e as manifestações reformuladas. E isto porque, acreditamos que se dissermos o que sentimos, que podemos perder quem amamos ou colocar em causa o contexto onde estamos, quando na verdade, é exatamente ao contrário porque, não toleramos estar num relacionamento ou num sítio durante muito tempo, onde estamos sempre a negligenciar o que precisamos e a permitir o que não nos faz sentir bem. 

Se queres ver os teus relacionamentos crescerem, se queres contribuir para que os que amas se mantenham por longos anos na tua vida, e que se desejas construir relações de verdade contigo e com os outros, aprende a dizer o que pensas e sentes, aprende a dizer NÃO - não gosto, não quero, não me apetece, não consigo, não posso - e aprende a manifestar o que é importante para ti, desde o início desse relacionamento.   São muitas as relações que terminam com impactos emocionais muito negativos porque os envolvidos foram tolerando o que lhes era insuportável, foram mantendo as suas necessidades submissas, foram-se anulando nos seus gostos e necessidades transformando um relacionamento que seria para crescer, num espaço de sofrimento, dor e perda. Quando, de forma recorrente, não partilhamos o que sentimos e as nossas necessidades, vamos construindo histórias de dor onde nos sentimos perdidos e a perder. Se amas, diz o que sentes; se queres prosperar e crescer num relacionamento partilha as tuas necessidades; se queres crescer no contexto profissional, traça os teus limites; se queres criar saúde mental dentro de ti, transforma tudo o que vais sentindo e vivendo, principalmente nos relacionamentos. 

A qualidade da tua vida afetiva é proporcional também, à qualidade da tua vida mental e emocional. É importante desconstruir esta ideia de que dizer sim é ser-se boa pessoa e mostrar amor. O amor não se mostra nem se valida na quantidade de sins que dizemos nem na quantidade de necessidades que anulamos, mas na verdade que colocamos na forma como nos relacionamos e nos envolvemos com os outros.

O amor só prospera na verdade e só floresce quando há espaço para partilhar necessidades e medos. E sim, é tão importante dizermos o que sentimos, como as palavras que escolhemos para o fazer.

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