Como deixar de sentir ciúmes?


Todos nós, em algum momento,  já sentimos a necessidade de controlar aquilo que estamos a sentir, principalmente quando o que estamos a sentir, nos faz sentir muito mal, nos deixa envergonhados ou nos faz sentir que somos más pessoas. O espectro de emoções que nos fazem sentir tudo isto ainda é um pouco vasto, mas hoje gostava de escrever sobre - o ciúme.

Quem nunca sentiu aquele ciúme feio, negro e corrosivo?

Todos já sentimos, com maior ou menor frequência, com maior ou menor potencial tóxico. O ciúme é daquelas emoções que fazem parte do cardápio da vida emocional de todos os comuns mortais. E na verdade, o problema não é o ciúme, mas o que poderemos vir a fazer com ele na forma como o interpretamos e agimos depois.

Algumas vezes, perguntam-me como deixar de sentir ciúmes. Quando esta pergunta me fazem, a minha resposta é sempre: acolhendo-o, e cuidando do nosso amor-próprio. Não há transformação sem aceitação, nem aceitação sem a permissão interior para essa transformação. 

A crença de que conseguimos evitar sentir algumas emoções é das crenças mais limitadores que podemos ter, porque na verdade, não temos o poder de evitar sentir emoções quando aparecem como gatilhos. Podemos sim, identificar, transformar, resolver, camuflar ou ignorar -, mas deixar de as sentir ou conseguir impedir o gatilho de as sentir, isso já nãoO nosso poder está em não as alimentar, identificando o que estamos a pensar para que isso esteja a acontecer, mas não em as impedir no instante em que as sentimos.

Desta forma, o primeiro convite que te faço, nesta reflexão, é que se te permitas sempre a acolher aquilo que estás a sentir. ACEITA! Sentir ciúme não está relacionado com seres mais "evoluído" ou "desenvolvido", antes pelo contrário. Se queres crescer enquanto pessoa, permite-te ao autoconhecimento que te faz identificar, perceber e transformar tudo o que sentes, identificando que há partes de ti que precisam de ser transformadas pela dor que te fazem sentir. 

O ciúme é a manifestação da inquietude e do receio da perda do afecto, do medo de deixares de ser importante, de seres substituído ou de perderes alguém. Este medo em si, pode ser bastante normativo quando gostas de alguém e temes perder a importância ou atenção, que tens na vida dessa pessoa. No entanto, quando o ciúme é recorrente, constante, generalizado e até obsessivo, poderá significar que sentes elevados níveis de insegurança, falta de auto-estima, necessidade de controlar para não vires a perder. Isto porque, na base do ciúme pode estar a ideia de te sentires menos merecedor da atenção, a necessidade de atenção constante, a ideia de que não tens valor ou que comparado com os outros és menos interessante, que não és tão bonito, capaz e por aí fora. Isto significa que, depois de aceitares e de questionares todas as interpretações que fazes, perceberás que o problema não é a emoção porque ela está a ajudar-te a identificar o que precisas de trabalhar e transformar. Estarás assim, mais capaz de perceber qual foi o gatilho que originou a emoção e as estruturas interiores que o continuam a alimentar. Se por um lado, nos lembramos daquele ciúme do irmão, da prima, do amigo, do namorado, da vida aparente da amiga, por outro, a cultura onde estamos inseridos, também nos ajuda (e mal), a definir o nosso valor e importância em comparação com os outros. 

Por tudo isto, é, de facto, um desafio mantermo-nos conscientes do momento, ACEITAR tudo o que estamos a sentir, QUESTIONAR todas as interpretações que fazemos sobre o nosso valor pessoal e agarrar a grande oportunidade de TRANSFORMAR o ciúme em amor-próprio e confiança, para semearmos ou alimentarmos a nossa segurança interna, o desapego de controlar o que não controlamos e  de ter cuidado com as generalizações constantes do que fazemos da nossa realidade.

Diana

Artigos Relacionados

VER MAIS