Dia Internacional da Saúde Mental


Se a cabeça não é uma parte de nós completamente dissociada do corpo, acredito que quando falamos de um tipo de saúde estaremos a falar de todas as outras. Isto significa que, hoje, para além do dia internacional da saúde mental, é dia de relembrarmos a importância de cuidarmos de nós como um todo, e da nossa saúde global. E se a saúde física anda sempre de mãos dadas com a saúde mental, e a saúde mental com a saúde física, também a saúde mental anda sempre de mãos dadas com a felicidade. Não falo daquela ideia de felicidade em que andamos todos os dias do ano, com um sorriso cristalizado no rosto, num estado aparentemente constante de contentamento e alegria, mas da felicidade de vivermos bem connosco e com os outros, em equilíbrio diário com as nossas emoções e estados mentais, com um propósito e um sentido de vida.

Mas se falar de saúde mental nunca nos pareceu tão importar e urgente, juntar a ela o conceito de felicidade numa sociedade a tentar sobreviver a tantos desafios, mudanças, dores, guerras e escassez, pode até parecer bizarro. Mas não o é!

A felicidade, tal como a saúde, é uma construção diária, que precisa ser assumida com responsabilidade e vontade. É uma responsabilidade que nos traz todos os dias a necessidade de fazermos escolhas, de transformarmos a satisfação de prazeres imediatos em satisfações e conquistas só sentidas a médio e longo prazo, de cuidarmos diariamente da qualidade dos nossos relacionamentos, à forma como nos dedicamos à vida profissional e aos limites que estabelecemos entre esta e as restantes dimensões das nossas vidas, ao investimento no exercício fisico, passando pela necessidade de reconhecer traumas, necessidades e fragilidades pessoais, que se vão manifestando ao longo da vida. De facto, construir e alimentar a saúde é muitas vezes um caminho muito mais árduo e difícil, do que vivermos a naufragar entre os desafios diários e exigentes da vida.

As tarefas e ferramentas que alicerçam este caminho são muitas e bastante diversificadas, e neste sentido, deixo apenas algumas sugestões. Assim, e sempre que for possível:

Ajuda e pede ajuda, somos seres de relações e em relação constante com os outros; se ajudar nos faz tão bem, pedir ajuda dá-nos saúde;

Cria vínculos de amor, verdade, respeito e bondade com todos aqueles que te fazem sentido e que constroem a tua vida. Acredito piamente que ser boa pessoa e ter a intenção de criar vínculos de amor, é dos maiores contributos que podemos dar à nossa saúde mental;

Estimula em ti a necessidade de alimentar emoções que te elevem - canta, dança, corre, vê imagens e videos que te façam rir e descontrair, a vida precisa de ter espaço para a diversão, extroversão e leveza. Acima de tudo, traz movimento fisico porque não é só quem canta que seus males espanta, é quem se mexe e transpira também;

Percebe se comes por fome ou se comes porque estás triste, ansioso ou deprimido. Aquilo que escolhemos comer influência a forma como nos sentimos e qualidade da energia que trazemos para o corpo fisico e emocional. Se o combustível é fraco a energia será escassa, e também aqui não podemos dissociar o corpo da mente. Para além disso, mastigar é dos atos mais prazerosos e relaxantes que podemos ter, por isso, aprende a fazê-lo devagar;

, lê muito, a leitura é um passaporte para outros mundos, pessoas e formas de vida, que incrementa a criatividade e a empatia, que nos retira da nossa história e nos faz olhar para nós e para os outros com outras visões e perspectivas;

Semeia disciplina e hábitos construtivos que te permitam facilitar o dia-a-dia (o nosso cérebro gosta de saber o que vai fazer, quando e como todos os dias) e que te permitam desenvolver uma maior resiliência para os vários desafios do dia-a-dia. Por muito que estejas insatisfeito com o que vives, agradece tudo o que tens; se te apetecer chorar pede um colo ou um abraço para que o possas fazer acompanho, “quem chora junto aprende a rir junto também”, confia na sabedoria da vida, desenvolve a tua espiritualidade, medita, cria silencio e não vivas para as redes sociais;

Se não tens um propósito e uma vida com sentido, procura-o. Quando sabemos para onde caminhos e o porquê de o fazermos, tornamo-nos mais imunes à gestão da frustração, da raiva, da tristeza, da perda e somos muito mais resilientes às circunstâncias da vida;

Cuida do teu sono como se fosse o teu bem mais precisos, porque é. O sono e o descanso passaram duma necessidade básica, para uma necessidade que só satisfazemos quando temos tempo. Não há saúde e muito menos felicidade, quando não colocamos o sono como uma prioridade e um investimento;

Larga o telemóvel por umas horas, e percebe o que o mundo anda a fazer, que cores e estímulos vivem fora do ecrã e como é tão melhor quando deixamos de tentar encontrar o conceito de felicidade no perfil das redes sociais.

Para construirmos saúde e sermos felizes, a vida precisa de ter significado maior.

Ter e alimentar saúde dá uma grande trabalharei, mas vale tão a pena!

Diana

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